Para um querido amigo chamado Gregory a culpa das cidades do interior, como Arcos em Minas Gerais, não serem mais tão atrativas para os jovens é do celular.
Segundo ele, a tecnologia do aparelho, que possibilita que possamos conversar com todos os amigos em menos de cinco minutos, fez com que as pessoas não tenham mais a necessidade de se concentrarem em espaços públicos, como “a praça”. É possível fazer apenas uma ligação, marcar em um lugar específico e pronto! As festas se tornam mais privadas, e as cidades menos interessantes.
Se é verdadeira a teoria, eu não sei! O celular trouxe muito benefícios, especialmente para os jornalistas, pois é possível encontrar quase todas as pessoas em qualquer lugar. Acabaram as desculpas como: ele não está em casa, ou saiu para almoçar! A pessoa pode até desligar, mas com certeza ela será encontrada com maior facilidade, do que se o “aparelhinho” não existisse. O que torna difícil, para mim, culpar um aparelho móvel por qualquer coisa.
Quando morei nos EUA tive a oportunidade de viver por dois meses sem celular. É desesperador, não ter um meio de comunicação privado lhe deixa fora do circulo social. De certa forma, ainda que as pessoas não se encontrem na praça, cada vez mais esse mundo virtual, formado pelo celular e a internet, tornou-se parte da vida diária. E as rede sociais, como facebook e twitter, se transformaram nas praças da contemporaneidade.
É verdade que, pelo menos Arcos, não é mais a mesma de uns cinco anos atrás e os motivos podem ser diversos: eu posso ter ficado velha e tenha um olhar saudosista para o passado; ou a economia da cidade pode ter diminuído e, assim, os investimentos em entretenimento; ou o consumo de drogas pesadas pode ter tornado a vida dos adolescentes mais perigosa e menos interessante; ou um pouco de todas as opções anteriores.
Mas dificilmente vamos descobrir, então Gregory, nos resta torcer para que melhore ou que alguém nos convide para uma comunidade “bombante” nas próximas férias.